Elorá

Elorá é uma pintora, ama representar os sonhos com a sua arte. Em meio a uma crise profissional, descobre que sua vida vai muito além da cidade de Belluna, dos campos da Universidade e do convívio com sua gata Lilás. Mergulha em um novo mundo através dos sonhos e é obrigada a encarar responsabilidades mais difíceis do que podia imaginar.

Não me achava bonita. Tinha um cabelo castanho longo e ligeiramente ondulado, principalmente as pontas, que no sol exibia um brilho dourado. Isso seria ótimo se ele não se revoltasse com a umidade e com o vento, me deixando bem parecida com o Rei Leão. Minha pele era clara, levemente bronzeada, mas podia ficar muito pálida em dias difíceis, como estava naquele momento. O meu rosto era fino, meus olhos grandes, com o contorno bem marcado, e com uma tonalidade que variava do mel ao castanho escuro, dependendo do meu humor, fato bem  estranho, a propósito. Meu nariz era pequeno e arrebitado, minha boca pequena, com lábios nem tão finos, nem tão grossos, que tinham uma tonalidade avermelhada, quando eu estava feliz. Eu não tinha muito mais do que um metro e meio, ou seja, era muito baixinha. Minhas mãos pequenas exibiam dedos longos e finos. Magra, quase esquelética, um corpo frágil e delicado e, por mais que eu comesse, não engordava – e eu comia muito bem. Adoraria que o meu porte pequeno fosse uma premissa para passar despercebida, apenas mais uma garota na multidão. Entretanto, as coisas nunca são como escolhemos, e me via constantemente no foco das atenções. Não pensem que para elogios, ou eventos sociais. Eu era um imã de piadas e brincadeiras estúpidas e minha cabeça sempre parecia um alvo perfeito para bolinhas de papel ou chicletes mastigados, nojentos. Como é obrigatório nos ambientes estudantis, eu era a zoada da turma.


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